NOMEADO

Emicida

Desde que começou a dar os primeiros passos no rap, nas batalhas de freestyle, lá pelo ano de 2006, Leandro Roque de Oliveira, Emicida, sabia que queria ter uma carreira sólida. Talvez ele não soubesse que construiria alicerces consistentes o suficiente para ir além da sua própria trajetória. Assim, tornou-se a principal referência da sua geração no rap, criou, ao lado do irmão, Evandro Fióti, uma empresa – a Laboratório Fantasma –, que é responsável por outros artistas (Rael e Drik Barbosa, por exemplo), mas também cuida de merch, tem estúdio, selo, etc. Um negócio tido como case study de sucesso e inspiração no mercado da música. 

Mas mais do que sucesso, Emicida tem a vontade – por meio da LAB – de tocar a vida das pessoas (ele rima porque tem uma missão e quer ser porta-voz de quem nunca foi ouvido). E a sua trilha sonora do artista nascido na Zona Norte foi perfeita para contar essa história. Com o lançamento da primeira mixtape, “Pra Quem Já Mordeu um Cachorro por Comida Até que eu Cheguei Longe”, Emicida chamou a atenção do público, da imprensa e dos contratantes. 

O trabalho, produzido de forma artesanal e vendido (por ele) a dois reais nas ruas, levou-o aos principais festivais do Brasil e do mundo, incluindo Rock in Rio, Roskilde (Dinamarca) e Coachella (EUA). Após duas mixtapes e dois EP, o rapper paulista ganhou notoriedade para além do nicho do rap com o seu primeiro disco de estúdio, “O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui” (2013), que teve participação de Pitty, Wilson das Neves, Tulipa Ruiz, entre outros. “Não se trata de um disco simplesmente dedo-na-cara, de cenas cuspidas na cara do ouvinte. Há lucidez, música, e, principalmente, poesia”, afirmou o jornal O Globo na época do lançamento.

O mesmo se deu com o sucessor “Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa (2015)”. Inspirado numa viagem por Angola e Cabo Verde, contou com participações de nomes do calibre de Caetano Veloso e Vanessa da Mata. Este foi nomeado para um Grammy Latino – a outra nomeação de Emicida à premiação foi com a música “A Chapa É Quente”, do projeto Língua Franca (2017), parceria onde ele, Rael e os rappers portugueses Capicua e Valete, celebram a língua comum entre os dois países.