NOMEADO

Stereossauro

Bairro da Ponte é uma onda perfeita, uma boa onda perfeita. É um disco agregador que foi capaz de reunir pessoas muito diferentes à volta de uma paixão comum, a música. É um disco de encontros e confluências, partilhas e cumplicidades. Um disco que põe em comum afinidades e conhecimento.

Parte da inquietação de Tiago Norte, mais conhecido como Stereossauro, e do impulso criativo de procurar novos mundos, novos horizontes, novas ideias. Musicais e líricas. Não é por acaso que se estreia como letrista e não é por acaso que “Vento” foi a primeira canção que escreveu. Também não é por acaso que Gisela João dá corpo e voz a este tema. Ela simboliza o encontro da tradição com a invenção, da autenticidade e densidade do fado com a irreverência da electrónica e o groove do hip hop que sai das mãos de Stereossauro. Uma combinação transcendente e perfeita.

 

Depois das várias experiências de fusão entre tradição e modernidade que tem vindo a fazer, com destaque para a remistura de “Verdes Anos ou a colaboração com Slow J em “Nunca ParesStereossauro dá um passo em frente com “Bairro da Ponte”.

O ponto de partida e inspiração é o acesso privilegiado aos arquivos da Valentim de Carvalho e a manipulação dos masters originais de Amália Rodrigues, a maior fadista de sempre, e também de Carlos Paredes, o mestre da guitarra portuguesa. O ponto de chegada é simplesmente mágico. Um disco onde, além do hip hop, do fado e da música electrónica, Stereossauro desafia generosamente cada um dos artistas convidados a deixarem a sua impressão digital, em interpretações surpreendentes. Uma nova voz de uma velha cidade, diferente de todas as outras, que pede para ser ouvida.

19 temas que resultam da colaboração de uma lista extensa de convidados dos mais variados géneros musicais: Ace, Ana Moura, Camané, Carlos do Carmo, Capicua, Dino d’Santiago, Dj Ride, Gisela João, Holly, NBC, Nerve, Papillon, Paulo de Carvalho, Plutónio, Razat, Ricardo Gordo, Rui Reininho, Slow J, Sr. Preto e The Legendary Tigerman, num álbum que marcará 2019. Nunca se fez algo assim em Portugal.